O Estudante e o tempo: Um romance Complicado
Era uma vez um estudante e o tempo. Eles se conheceram logo no início da vida académica e, desde então, mantinham um relacionamento instável. O tempo sempre fugia, nunca estava onde o estudante queria. Quando ele precisava de mais horas para estudar para um teste, o tempo encurtava; quando estava numa aula chata, o tempo se arrastava como um velho preguiçoso.
Nos primeiros meses da vida universitária, o estudante tentou ser otimista. Fez planos, estabeleceu horários e jurou que não procrastinaria. "Vou ser organizado", prometeu a si mesmo, enquanto enchia a agenda com prazos, leituras e trabalhos. Mas o tempo, sempre irónico, riu dessa tentativa. Ele sabia que, em algum momento, o estudante se perderia entre textos inacabados, notificações de trabalhos de grupo e aquela série viciante que "só tem episódios de 40 minutos".
Depois veio o estágio. O estudante achava que conseguiria conciliar tudo, mas logo percebeu que equilibrar trabalho, estudo e um mínimo de vida social era como tentar dançar equilibrando pratos na cabeça. Havia dias em que ele saía cedo de casa e só voltava à noite, exausto, com olheiras mais profundas que suas leituras atrasadas.
Os amigos reclamavam: "Tu nunca tens tempo!". A família perguntava: "Por que estás sempre cansado?". E o tempo? O tempo seguia indiferente, deslizando entre as páginas dos livros, os ponteiros do relógio e os prazos apertados.
Nos raros momentos de folga, o estudante tentava compensar. Saía com os amigos, ria um pouco, esquecia-se das responsabilidades. Mas, no dia seguinte, o tempo lhe cobrava caro: trabalhos acumulados, provas à vista, várias tarefas esperando impacientemente.
E assim seguiam, num romance cheio de encontros e desencontros, num ciclo de esperanças e frustrações. Até que, um dia, o estudante percebeu algo importante: ele nunca dominaria o tempo, mas poderia aprender a dançar com ele. Aceitou que não daria conta de tudo, que às vezes teria que escolher entre dormir ou estudar, entre sair ou terminar um trabalho.
E, acima de tudo, aprendeu que o segredo não era correr atrás do tempo, mas sim vivê-lo da melhor forma possível.
Porque, no fim das contas, o tempo não espera por ninguém.
Carla Oliveira
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