Morna segue viva no coração dos caboverdianos e inspira investimento cultural internacional
Praia, 4 de junho de 2025 – Mais do que uma expressão musical, a morna é o fio condutor da alma cabo-verdiana. Elevada a Património Cultural Imaterial da Humanidade pela UNESCO em 2019, a morna continua a ecoar pelos palcos, ruas e corações das ilhas e da diáspora. Agora, o legado de uma das suas maiores vozes, Cesária Évora, será imortalizado com a construção da Casa-Museu Cesária Évora, um projeto que conta com financiamento do Banco Mundial.
A iniciativa foi formalizada com a assinatura de um memorando de entendimento entre o Governo de Cabo Verde e instituições do ecossistema do Banco Mundial, nomeadamente a Associação de Desenvolvimento Internacional (IDA) e a Sociedade Internacional de Finanças (IFC). O acordo envolve os Ministérios da Cultura e das Indústrias Criativas e das Finanças, com o objetivo de impulsionar o setor cultural e criativo, começando pela construção do museu na cidade do Mindelo, ilha de São Vicente, terra natal da “diva dos pés descalços”.
Segundo o Ministério da Cultura, o projeto representa mais do que a preservação da memória de Cesária: é uma aposta estratégica na valorização da cultura cabo-verdiana como motor de desenvolvimento económico e social. O memorando também prevê a criação de um pré-conservatório de música para jovens da região Oeste Africana e um estudo de impacto económico da cultura no país.
Para o músico e ex-ministro da Cultura Mário Lúcio Sousa, a morna “é uma arte completa que conta a história das nossas dores, da nossa resistência e da nossa ternura como povo”. Este sentimento está no centro do projeto do museu, que pretende ser um espaço de memória, formação e projeção internacional da música cabo-verdiana.
Em entrevista ao jornal A Nação, a jovem artista Elida Almeida destacou que “cantar morna é como rezar – exige entrega total, respeito pelas palavras e escuta profunda das emoções”. Esta emoção está presente em cada acorde tocado nas ilhas e será agora homenageada num espaço que promete unir turismo, arte e educação.
A cerimónia de assinatura do acordo contou com figuras de alto nível, incluindo o Primeiro-Ministro Ulisses Correia e Silva, a Diretora do Banco Mundial para Cabo Verde Keiiko Miwa e o Diretor Geral da IFC Makhtar Diop, no âmbito da “Semana de Cabo Verde no Banco Mundial”, que celebra os 50 anos da Independência.
Com a construção do museu e o reconhecimento da morna pela UNESCO, Cabo Verde reafirma a importância da sua herança musical e cultural no panorama internacional. É um passo concreto rumo a um futuro onde a identidade cultural se transforma em pilar de desenvolvimento e projeção global.
conhecendo o museu Cesária Évora

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